Riscos e Oportunidades

N'A Blasfémia

(...)Olhando para Portugal, (...) as pessoas agarram-se ao primeiro emprego que conseguem arranjar e tentam mantê-lo ad eternum, convencidas que se o perderem é o fim. Parece que têm medo do futuro e que não compreendem que o risco faz parte da vida, desde logo, da vida profissional. Uma vez «conquistado» um emprego, começam imediatamente a tratar de saber quais são os direitos sociais que lhes assistem e as formas legais de o manter, aliás, abundantes e muito generosas. Poucos são os que se esforçam por melhorar os seus conhecimentos e aptidões para poderem progredir profissionalmente. Um português abandonar, por sua decisão, um emprego bom ou mau é uma ideia quase impensável. Ninguém se arrisca a isso e, ainda que tenha coisa melhor à sua espera, tudo fará para que o patrão o despeça, em vista a conseguir uma indemnização ou uma qualquer subvenção estatal.
Décadas de paternalismo salazarista, às quais se seguiram outras tantas de proteccionismo estatal, acomodaram os portugueses à ideia de que as suas vidas dependem mais de factores externos do que de eles mesmos. E que, por isso, o esforço, o risco e a valorização pessoal são menos importantes do que a permanência, a qualquer preço, num lugar conseguido. O proteccionismo fez dos portugueses, outrora um povo aventureiro que sempre que arriscou progrediu, uma mole humana comodista, estática e com medo de viver. E que nem sequer percebeu ainda que já não tem hoje apenas o mercado português à sua espera, mas um gigantesco mercado comunitário, de milhões de consumidores e oportunidades, à disposição de quem esteja disposto a arriscar.

Sem comentários: