Agora, chega "300", fita desenhada de raiz para reacender a urticária liberal que há em nós, relançar todas as polémicas sobre fascismos, reaccionarismos, libertarianismos e outros -ismos do século XX e, de caminho, fazer bilheteira que nunca mais acaba (como já aconteceu nos EUA, onde é um dos triunfos comerciais do ano). Espécie de "cocktail Molotov" lançado por um miúdo a brincar aos terroristas, "300" já levou a protestos iranianos (contra a descrição dos persas como um povo decadente e malsão), suspeitas de ser uma "encomenda" da administração Bush (apesar da sua fidelidade à BD de Frank Miller e Lynn Varley que lhe é francamente anterior) e acusações de fascismo militante. Tudo isto por causa de uma versão mais ou menos livre mas politicamente incorrecta de um episódio da antiguidade clássica, a Batalha de Termópilas, em que 300 valorosos soldados de Esparta resistem heroicamente às hordas invasoras da Pérsia. "300" é ao mesmo tempo elogio totalitarista e paradoxalmente idealisticamente liberal das virtudes masculinas e marciais, e exposição de video-jogo transformado em "tableaux" de acção e cinema de vanguarda.(...) Ora, é precisamente na ausência de projecto narrativo que entronca o problema de "300". Os espartanos que erguem armas contra os persas fazem-no em defesa da sua liberdade e do seu ideal democrático, mas são um povo "ariano" de perfeito corpo musculado e coragem sobre-humana, criado desde criança para a arte da guerra, exaltando as nobres virtudes marciais da honra, do respeito e da glória. E os todo-poderosos persas são imperialistas decadentes, corruptos e dissolutos, refugiados na arrogância demiúrgica e na superstição, que podem derrotar os espartanos mas nunca os subjugarão. A salganhada de referências permite todas as leituras possíveis, sobretudo sobreposta à guerra do Iraque, à oposição Ocidente vs Islão, ao confronto entre Republicanos e Democratas, etc., etc., etc. Snyder sabe que está a brincar com o fogo com "300", tem consciência disso, mas onde termina a ingenuidade e começa a provocação, onde é que isto passa de "entertainment" descartável a filme sonso e ideologicamente equívoco e mesmo desprezível? Claro que se, soubéssemos a resposta, não fazia sentido fazer a pergunta - e é uma pergunta que está a fazer maravilhas pela promoção do filme. Enquanto cinema, em abstracto, "300" é objecto interessante - há um excesso, uma desmesura, uma energia centrífuga que atraem. Combinada com a questão política, essa energia transforma "300" num pára-raios incendiário: goste-se ou odeie-se, caem lá todos. E não se sai indiferente.Por Jorge Mourinha, crítico de cinema do Público.
E perante este crítica verdadeiramente visionária, o que me apetece dizer é um grande "F*****E!!!". Ok, não é o único a conseguir ver metáforas políticas neste filme, visto que lá por terras do Tio Sam já alguém tinha atirado esta para o ar, ao ponto do Presidente iraniano ter comentado o filme na tv. Mas a estupidez é muita e se pensarmos um bocadinho facilmente se arranja metáforas para todo o tipo de filmes. Seria o Rambo, uma metáfora com 20 anos de antecedência, a representar os USA na sua luta quase isolada contra os países islâmicos (Afeganistao, Iraque, Irão...)??? É que por momentos aquele estilo de cowboy do Bush confundiu-me...

Para amar ou detestar, merece ser visto e revisto.
2 comentários:
TONIGHT WE DINE IN HELL!
(isto dito c akele vozeirão...)
THIS IS MARTA!! ups...
THIS IS SPARTA!!
(hihihi)
podem dizer o que quiserem... para mim está para lá das palavras.
tenho mm de ir ver...
Enviar um comentário