A Prova dos Duros

Não sei onde fui buscar o gosto por ciclismo, mas desde princípios dos anos 90 que é sagrado em Julho, assistir à maior prova de ciclismo mundial, o Tour de France. Provavelmente será o único desporto onde o "melhor" é aquele que vence uma das provas anuais e não o que vence o Campeonato do Mundo ou os Jogos Olímpicos. Esses apenas tiveram sorte. Os verdadeiros heróis são aqueles que durante 20 dias percorrem 3000km, incluindo subir os Pirenéus e Alpes, chegando finalmente a Paris.


Como é possível estes homens subirem montanhas, como ilustra a imagem, e chegarem ao cimo da montanha e ainda sprintarem para vencer a etapa? No dia seguinte são só mais 7horas em cima da bicicleta e 3 ou 4 montanhas pela frente, terminando a etapa com uma média de 35km/h. Por esta razão, sou a favor do uso de substâncias por parte dos corredores. Não é humanamente possível ter resistência para a dureza que esta prova apresenta. É uma questão bastante difícil, uma vez que se fosse permitido o uso de produtos, dirão que haverá sempre alguém que ainda recorrerá a outros produtos para ter uma ligeira vantagem. Contudo, contínua a achar que todos eles tomam muitos produtos para recuperar do desgaste e que na grande maioria a capacidade que têm como ciclistas é inata. Muitos dos ciclistas que por vezes são apanhados, são corredores perfeitamente banais e não foi o uso de essas substâncias que os tornaram melhores. Usaram doping para ficarem na 120ª posição?
Ao longo destes anos, aqueles que idolatrei foram sempre os que embora grandes corredores, me pareciam mais humanos. Venciam sempre ou quase sempre, mas a sua dor era visível. Por essa razão nunca gostei de Lance Armstrong. Durante 7 anos não ter um dia mau no Tour não é possível. Depois de um cancro. Durante anos o meu ciclista preferido foi Miguel Indurain, o vencedor de 5 Tours seguidos. Recordo a forma como sem nunca atacar ia deixando os adversários 1 a 1 para trás, a pergunta que todos os anos me faziam "porque é que ele se vai a rir?" e o momento em 1996 em que a subir uma montanha virou a bicicleta e deixou-se ir montanha abaixo até ao hotel. Foi o final.

Nesse mesmo ano o benjamim do Tour era um alemão em tudo idêntico ao veterano Indurain. Desde então e até este ano foi ele o meu corredor preferido. A cadência e o poder nos contra-relógios eram semelhantes, o sofrimento nas montanhas também. O seu nome é Jan Ullrich e não fosse a "estranha aparição" de Armstrong, teria o seu nome ao lado de Indurain.

O Tour contínua e não são estes casos de doping que impedirão as pessoas de continuar a mostrar a sua paixão pela modalidade. No entanto, procura-se novos heróis...

1 comentário:

Anónimo disse...

tb adoro ciclismo, mas prefiro atletismo