Professor tem a palavra

11-12-2006 - Lusa
Avanço do mar provocou destruição de 16 metros de dunas
Especialista critica Governo por falta de prevenção na Costa de Caparica

José Carlos Ferreira, especialista em gestão de zonas costeiras sob pressão, acusou hoje o Governo de encarar a Costa de Caparica apenas como uma área de intervenção de emergência, ao invés de realizar acções de prevenção.

José Carlos Ferreira, professor do departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e residente na Costa de Caparica, afirmou que a faculdade tem trabalhado há vários anos num diagnóstico que previa o avanço do mar, o que aconteceu nos últimos dias.

O avanço do mar, aliado ao mau tempo, provocou na semana passada a destruição de 16 metros de dunas da praia de São João (Costa de Caparica), o que levou a uma intervenção de emergência, iniciada ontem, de reforço das dunas situadas em frente ao parque de campismo do Inatel.

Mar avançou 410 metros desde os anos 40

O especialista disse também que o estudo da Faculdade de Ciências e Tecnologia revela que o mar na Costa de Caparica avançou 410 metros desde os anos 40.
O docente criticou igualmente a forma como a actual intervenção de recuperação das dunas está a ser feita, com a retirada de areia da praia, que é depois colocada nas dunas junto ao parque de campismo.

Para José Carlos Ferreira, o facto de se estar a retirar areia da praia "prejudica a já de si normal erosão do litoral".

No entanto, José Carlos Ferreira acredita que esta foi a solução encontrada para responder ao problema rapidamente, "apesar de não ser a ideal".
Estado "prejudica contribuintes com gastos desnecessários"
José Carlos Ferreira chamou ainda a atenção para o facto de o Estado estar a "prejudicar os contribuintes com gastos desnecessários", alegando que, "se o estudo tivesse sido aproveitado e se tivessem feito obras de prevenção, esta situação não estava a acontecer".

O ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia, confirmou que realizar um plano de "intervenção de emergência" custa mais ao Estado e que, por isso mesmo, a área de intervenção foi reduzida apenas ao necessário.

O cumprimento do plano de ordenamento da orla costeira, a reposição de areia e acessos facilitados são as principais soluções que o docente universitário apresenta para o que o problema possa "ficar resolvido de vez".


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